domingo, 24 de junho de 2012

Delhi, nosso primeiro contato com a India

Chegamos à Delhi às 3 horas da manhã, devido ao horário do nosso vôo, que fazia escala em Dubai. Fomos recepcionados pelo pessoal da nossa agência - depois falo sobre eles! - e levados para o hotel, o Hilton New Delhi Janakpur. Estava tudo escuro e, portanto, não pudemos ter nenhuma idéia do que seria a cidade até aquele momento. Depois de poucas horas de sono, umas quatro, aproximadamente, acordamos e abrimos as cortinas da nossa janela no 10o andar. Fiquei espantada: nunca tinha visto paisagem tão feia. 

Não dei muita importância pois queria evitar pré-julgamentos. Há dias estava num exercício de educação mental para essa viagem para não ser preconceituosa e não julgar as coisas pela primeira impressão. Então, depois do café da manhã, nosso guia mos encontrou no saguão e nos apresentou nosso motorista, que estaria com a gente o dia todo. 

Fiz bem em não julgar o que vi pela minha janela, pois foi só entrar no carro e nos enfiarmos no trânsito caótico da capital, para começar a entedê-lá melhor e a ficar apaixonada. Carros velhos, muito velhos, ônibus e caminhões caindo aos pedaços - mas incrivelmente coloridos e cheios de penduricalhos como tecidos e sucatas -, motos, tuk-tuks, rickshaws, pedestres e vacas! Vacas atravessando a rua e gerando engarrafamentos monstros!! Parece caótico, mas cada detalhe me fascinava. E a vaca? Para mim foi a melhor parte, afinal era uma das situações que eu estava louca para presenciar. Precisava saber se era mesmo verdade que as vacas dividiam espaço entre carros e pessoas. Enfim, essa era uma das fotos já planejada por mim desde que compramos nossa passagem. 

Outro detalhe que me chamou atenção: uma sinfonia de buzinas. Não se passa mais do que 3 segundos sem se escutar uma buzina. Logo o motorista e o guia nos explicam "para se dirigir na India você precisa de três coisas: "boa buzina, bom freio e boa sorte". Eu estava me divertindo tanto com o que estava vendo, que nem de longe as coisas estavam insuportáveis para mim. Demoramos cerca de 44 minutos para chegar em Old Delhi, ou Shahjahanabad, parte histórica da cidade. 

Nossa primeira parada foi a mesquita Jama Masjid, construída no sec. VXII. Ela é a maior mesquita do país  e a mais importante para os mais de 120 milhões de muçulmanos indianos. Em seu enorme pátio, 25 mil pessoas podem rezar ao mesmo tempo. Quem teve a ideia de contruí-la foi o Imperador Mongol Shal Jahan, que foi também o construtor do Taj Mahal. Para entrarmos, tivemos que colocar uma roupa dada na entrada. Nós, mulheres, uma espécie de vestido longo e o Leo, um equivalente a nossa kanga, para amarrar na cintura, já que ele estava de bermuda.

A escadaria que nos leva à entrada


A mesquita tem 80m de altura por 27m de largura. 
Essa parte principal tem 3 duomos feitos de 
mármore branco e preto e coroados com 
uma parte superior coberta de ouro

Peregrinos rezando


As arcadas internas

Eu era a atração turística no local...


Peguei essas duas fotos abaixo da internet, para vocês terem uma ideia de como fica lotado o local em dias especiais:




Um importante detalhe, mas que o nosso guia, que aliás não foi tão bom, não nos falou, é que os dois miranetes existentes na mesquita podem ser visitados por dentro. Eu só descobri isso depois, quando estava lendo à noite no hotel um pouco mais sobre o local. Deve valer muito à pena subir, já que lá de cima dos seus 41 metros e 130 degraus, se tem uma vista privilegiada de Old Delhi.

Depois da visita da Jama Masjid, encontramos o motorista do rick-shaw que iria nos apresentar o bazar Kinari, maior mercado de Delhi, com especialidade em artigos para casamento. Nós não tínhamos nem ideia do que nos esperava, mas assim que começamos o nosso passeio, entramos em um mundo a parte. Acho que foi meu momento mais divertido em Delhi. As ruas do bazar são muito estreitas, mas, inacreditavelmente, o número de pessoas que se espremem entre tuk tuks, bicicletas, motos e rickshaws é enorme. E ainda por cima, as vias são de mão dupla! Você olha para todos os cantos e não há nenhum lugar vazio. Misture à essa confusão, casas antigas, caindo ao pedaços e, para completar, um emaranhado de fios que fazem os gatos das favelas e subúrbios brasileiros parecerem trabalho de amador. Acredite, você nunca viu um gato "profissional" até chegar em Kinari. Eu estava achando tudo tão diferente e maluco, que estava adorando!

Falando assim parece caótico, e é. Mas, mais do que isso, é uma experiência intensa. Foi a primeira vez da viagem que me senti entrando realmente na cultura deles. Mulheres com seus saris coloridos desfilando no meio da confusão das ruas, lojas vendendo sementes, tecidos, assessórios, comidas, homens andando apressados e se esbarrando contra as motos e bicicletas... E no final, todos se entendem e o fluxo segue normal. Para fazer um comparativo para vocês, que ainda assim se distancia do realidade do local, imagine a Alfândega, no RJ, em pleno dia 23 de dezembro, agora diminua em 3 a largura das ruas e coloque circulando por ali, além de pessoas, todos os meios de transporte que citei no parágrafo acima. E aí? Visualizou? 

Nós não andamos a pé pelo bazar, mas vimos que volta e meia tinha um turista misturado com a multidão. Acho que deve ser muito legal, caminhar mais tranqüilamente pelas ruelas - se é que isso é possível. Mas no nosso passeio estava incluída essa volta de rickshaw, que durou aproximadamente uns 15 minutos. Se tivesse tido mais tempo, teria voltado lá para explorar eu mesma o local. No entanto, é importante ter um mapa na mão, porque é tudo igual, você olha para um lado e aquilo ali parece ser exatamente o mesmo local que você estava há alguns minutos atrás. Então, leve o seu mapinha, porque se você se perder ali, não vai ter nada para fazer, só sentar e chorar.



Subindo no rickshaw

O Kinari bazar visto de fora







E visto de dentro!


Continuamos em cima do nosso rick-shaw e desembocamos na principal e mais antiga avenida de Old Delhi. É aí que entendemos que a Índia é um país pacífico. Templos de todas as religiões, contruídos um ao lado do outro! Pessoas de diferentes credos convivendo em paz entre si! A avenida é maior do que as ruelas em que estávamos antes, mas a confusão é a mesma! No fim dela, uma construção enorme, o forte vermelho, ou Red Fort, como eles chamam. 







Ainda na avenida mais antiga de Old Delhi



O Red Fort


Ali, começamos a ver um pouco da India dos contrastes que tanto se fala. Um forte enorme, com uma arquitetura imponente no meio de tanta simplicidade.






Entramos no carro de novo e fomos conhecer o Raja Ghat, memorial a Mahatma Gandhi, que fica no meio de um parque todo gramado e muito bonito. Foi lá que percebemos como é forte o turismo interno na India. Acho que nós éramos os únicos não indianos do local - também quem é o maluco que vai fazer turismo na India em pleno verão com temperatura média de 46°C?! Só eu mesma!!!







De lá, fizemos um passeio de carro pelos ministérios de Delhi, o palácio do primeiro ministro e a sede do governo. Logo a frente está India Gate, ou portão da India. Essa parte da cidade é muito bonita, com espaços grandiosos e construções imponentes e ricas.




O India Gate


De lá fomos para, na minha opinião, o monumento mais bonito da capital, a Tumba de Humayun. Construída em 1565 pela viúva de Humayun, segundo imperador Mughal, o local é um dos primeiros exemplos da arquitetura Mughal e é percursor do Taj Mahal (o uso do mármore, a simetria e todos os seus detalhes funcionaram como inspiração). Foi a partir daí que foi criada esse estilo arquitetônico que une jardins e mausoléus. A tumba é o mais antigo mausoléu mughal de Delhi e é declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco. O conjunto de construções é realmente muito lindo!














Gente, estava muito quente...


O dia passou rápido e devido ao calor de 46°C mais o cansaço acumulado da viagem do dia anterior, às 16hs já não éramos ninguém. Resolvemos voltar para o hotel para descansar. Depois me arrependi, porque ainda tinham algumas coisas para ver, como bazares, mercados e templos. Mas realmente estávamos acabados e no dia seguinte ainda acordaríamos cedo para pegarmos um vôo para Udaipur. 

Uma das principais atrações que perdemos foi o Qutb Minar, minarete de tijolo mais alto do mundo, declarado em 1993 como Patrimônio Mundial da Unesco. Construído em 1193 e com uma altura de 72,5 metros, a obra é um exemplo da arquitetura indu-islâmica. Vejam as fotos que peguei da internet:






Outro passeio incrível que perdemos - mas esse infelizmente porque eu não conhecia antes, porque se tivesse lido sobre esse local, com certeza não deixaria de ir - foi o templo de Akshardham, o maior templo hindu do mundo e considerado por muitos a oitava maravilha. O templo não é antigo, foi inaugurado em 2005, mas é impressionantemente lindo (pelo menos pelas fotos que eu vi na internet depois que cheguei de viagem...).  Akshardham mede 43 metros de altura e 96 metros de largura. Foi todo construído com mármore branco e arenito cor de rosa, tem 234 pilares minuciosamente esculpidos do chão até o teto e abriga mais de 20 mil esculturas e estátuas de divindades. Para completar, o edifício é sustentado por 148 enormes estátuas de elefantes e rodeado por um lago e por jardins lindíssimos! Juro que só de escrever isso aqui to com vontade de voltar em Delhi para matar o nosso guia que nos falou que não tinha nada mais de muito interessante para visitarmos... 

Olhem as fotos da internet...








E aí? O que eu faço com esse guia desgraçado?!




Apesar dos pequenos percalços, minha impressão de Delhi foi a melhor possível! Não sei se estava esperando algo muito ruim, mas não fiquei horrorizada com nada nada do que me falaram: pobreza, sujeira, gente na rua... Sim, tudo isso está lá, mas são tantas outras coisas para se ver, que toda essa parte acabou quase que desaparecendo para mim...

Ah, e Delhi também tem mercados que vendem de tudo um pouco para serem explorados. Nós não tivemos ânimos, mas se vocês estiverem interessados, anotem os nomes:

- Rajouri Garden
- Karol Bagh
- CTC Mall


Nenhum comentário:

Postar um comentário