quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Moscou: 2º e3º dias

Acordamos cedo e, depois do café da manhã, fomos encontrar o nosso guia na recepção do hotel. Com um aspecto meio rude e cara de poucos amigos, ficamos com um pouco de medo, quando o vimos hahahah Mas depois, ele se revelou bem simpático e  ótimo guia. Demos sorte, porque o dia amanheceu relativamente bom e não tão frio - fazer um tour a pé com chuva e frio não ia ser muito legal.

Começamos o nosso tour pela Praça Vermelha. Ele nos explicou a história dos monumentos da praça, mas não estava no pacote entrar no Kremlin, na Catedral São Basílio e nem no Museu Histórico Nacional. Ele disse que se nós quiséssemos, ele nos esperaria enquanto visitávamos o túmulo de Lenin, mas a fila estava tão grande, que decidimos que faríamos isso no dia seguinte, quando tiraríamos o dia para conhecer o interior do Kremlin.

Entramos, porém, no GUM, e ele nos contou a história do antigo mercado municipal da cidade, que na época do socialismo, era ponto de retirada de alimentos e roupas da sociedade moscovita. Hoje em dia, ainda está no local, um luxuoso mercado, que guarda as mesmas características daquela época, com preços caríssimos, principalmente para renomados produtos russos, como caviar exclusivos e vodkas seletas. Aliás, uma das coisas que eu descobri com esse tour é que os mercados que sobreviveram ao passar dos anos, no centro de Moscou, são construções luxuosas - muitas vezes escondidas com entradas pequenas e simples - que esbanjam riqueza e nada têm a ver com a ideia de socialismo que temos - pelo menos a que eu tenho.


Mais Praça Vermelha


 Bom depois do tour pelo singelo mercado -  compramos uma vodka caso precisássemos nas horas em que o frio apertasse - seguimos pela Tverskaya, que é a principal avenida e rua comercial de Moscou. Ela começa bem ali, ao lado do Kremlin e antigamente era a saída oficial dos czares para São Petersburgo. Uma curiosidade é que nessa rua não existem sinais de trânsito. A circulação dos automóveis é ininterrupta e os pedestres devem procurar passagens subterrâneas, que estão espalhadas ao longo da via, para poder chegar ao outro lado.

Nossa primeira parada foi em mais um desses mercados chiquerérrimos, que se localizava numa entradinha pequenininha, numa espécie de mini galeria, com um restaurante estranho ao lado esquerdo e uma porta ao lado direito. Quando abrimos a porta, lá estavam lustres de cristais, prateleiras e móveis de época e madeira brilhosa, chão de mármore e tudo o mais que você espera encontrar dentro de uma residência de uma família abastarda ou até mesmo dentro do museu. Era tão interessante conhecer a fundo aquele lugar e imaginar que eles são assim desde a época do socialismo, que gastamos quase meia-hora observando tudo, inclusive os tradicionais chocolates que eram vendidos desde a época da União Soviética. Na minha cabeça aqueles mercados eram uma contradição sem tamanho: as pessoas deveriam ser todas iguais, nada de luxo, nada de esbanjar riqueza, e aí toda essa ostentação! O nosso guia explicou que essa era uma das formas do governo mostrar ao povo que o regime era uma coisa boa, que apesar de todos iguais, a população podia viver bem, com um certo luxo, sem precisar do capitalismo. 




Detalhes do interior de um do supermercado

Continuamos andando pela avenida. Observamos bastante as pessoas, as construções, muitas delas antigas, mal conservadas e decadentes, assim como o antigo regime da URSS. Outra coisa que nos chamou atenção foi a quantidade de carros velhos e caindo aos pedaços que circulavam ao lado de modelos luxuosos como Ferraris, Bentleys e Maseratis. Apesar de já terem se passado mais de 20 anos desde o fim do regime socialista, às vezes temos a impressão que a cidade parou no tempo...

A nossa próxima parada foi no primeiro Mc Donald´s da Russia, que foi inaugurado com o Fim da Guerra Fria, logo após a queda do muro de Berlim, na praça Pushkin. Parece besteira, mas ele quis nos levar ali para contar a história do local. Segundo o nosso guia, durante o período da União Soviética, existia filapara absolutamente tudo o que se vendia: desde sapatos que vinham da França a telhas provindas da Finlândia. As filas eram gigantescas, ultrapassando 1 km de extensão, já que se você não comprasse ali, não conseguiria em nenhum outro lugar. Essa era a mentalidade soviética. Imaginem então quando o regime se acabou e um dos maiores símbolos capitalistas abriu suas portas no país? O fato aconteceu no dia 31 de janeiro de 1990 e aproximadamente 30 mil pessoas foram à lanchonete no seu primeiro dia de funcionamento.  Olhem a foto que consegui na internet mostrando a fila do dia da inauguração!




Paramos para almoçar em um restaurante que parecia ter saído direto do túnel do tempo. Aquele estilo imponente dos supermercados, mas com menos classe, claro, estava ali. Lustres para todos os lados, sofás com estilo art-nouveau, forrados em veludo azul e verde, carpete velho no chão e muitos detalhes um pouco toscos. Ficamos um pouco receosos com a comida, mas até que estava boa. Como o almoço estava no pacote que pagamos, não tivemos muita escolha. De entrada veio um Borsch, uma sopa típica do leste europeu feita a base de beterraba - o que dá a cor avermelhada ao prato - carne, repolho, cenoura, pepino e sei lá mais o quê.. O prato é servido com creme de leite e batatas cozidas. Para ser sincera, não achei nada demais, mas é bem pesado e ajuda a segurar o frio.

Depois chegou o prato principal, Pelmeni, que são uns bolinhos feitos com uma massa e recheados com almôndega. Mais uma vez, eles vieram mergulhados numa sopa (pra mim que não gosta de sopa, estava ótimo!). Mas para ser sincera, não estava ruim não. Eu estava com frio, então essa comida foi boa para esquentar.

Acho que depois teve sobremesa, mas para ser sincera, eu não lembro o que era, porque eu não comi.

Saímos depois do almoço e continuamos a andar. Percorremos algumas ruas e grandes avenidas, que nos deram ideia de como era a Moscou fora da Praça Vermelha.








Fotos das nossas andanças nas ruas de Moscou

Depois, fomos pegar o metrô e conhecer esse que é um dos principais pontos turísticos da cidade. E vendo as fotos, vocês vão entender porque. O metrô é luxuosíssimo, limpíssimo e lindíssimo. E todos os superlativos são perfeitos para descrevê-lo. Andar no metrô é algo obrigatório se você vai à Moscou. A única coisa é que é realmente bem difícil se localizar entre as estações, já que os seus nomes estão escritos no alfabeto deles, então tivemos que inventar algumas técnicas de memorização para sabermos em qual estação sair, aonde trocar de linha etc e tal. É claro, que por estarmos com o nosso guia, não estávamos tão preocupados em nos perder, mas mesmo assim eu tentei fazer esse exercício mental














E aí? Não é uma lindeza?!


Olhem aí os nomes das estações. 
Difícil de memorizar e de se localizar..


O metrô nos levou direto para um dos sete grandes prédios remanescentes da época de Stalin. As construções são conhecidas como Sete Irmãs e foram construídas pelo líder da União Soviética após a Segunda Guerra Mundial para fazer frente ao enormes arranha-céus americanos. Alguns russos os chamam de "Bolos de Aniversário de Stalin", por causa dos seus formatos. Os prédios foram construídos entre 1947 e 1953 e hoje em dia eles abrigam em seus interiores a Universidade Estatal de Moscou, os hotéis Ukraina (agora o Radisson Royal Hotel) e Leningradskaya (agora o Hilton Moscou Leningradskaya), o edifício de apartamentos Kotelnicheskaya Embankment, o prédio administrativo Red Gates, o edifício Kudrinskaya Square e o Ministério dos Assuntos Exteriores. São construções realmente imponentes e que chamam a nossa atenção quando conseguimos avistá-los. Nós passamos à pé, em frente ao prédio do Ministério dos Assuntos Exteriores e de tão alto, não consegui fotografá-lo direito.

Abaixo, peguei fotos da internet para vocês terem um ideia da imponência dos edifícios. Reparem que o único que não possui uma estrela de cinco pontas no final da Agulha é o do Ministério dos Assuntos Exteriores.



Nas duas fotos acima, a Universidade Estatal.
Olha que coisa linda

Kotelnicheskaya Embankment


O antigo hotel Ukraina, atual Radisson Royal Hotel

Mais um dos arranha-céus em Kudrinskaya Square

O Ministério dos Assuntos Exteriores

* Lembrando que todas as fotos acima são da internet!


Essa foi a única foto que eu consegui tirar 
e que ficou razoavelmente boa do 
Ministério dos Assuntos Exteriores 

Depois de observarmos por alguns minutos o edifício, seguimos para a rua Arbat, uma rua exclusiva de pedestres, cheia de lojas de souvenirs, lanchonetes, restaurantes e muita gente passando - além dos turistas, vimos muitos jovens passeando por alí. Andamos, entramos nas lojas e compramos umas besteirinhas (não tinha nada muito legal, as matrioshkas, sinceramente não fazem muito a minha cabeça, e os preços eram bem altos); depois o nosso guia nos levou de volta aos arredores da Praça Vermelha e foi embora.

Tempinho de descanso para comer alguma coisa e beber uma vodka - que havíamos comprado no mercado mais cedo - para esquentar um pouco. Andamos um pouco pelo Alexandrovsky Garden e fomos em direção à Catedral de Cristo Salvador.







Eu já tinha visto a Catedral em fotos e por isso estava louca para ir até lá. Já estávamos cansados, mas eu, quando coloca alguma coisa na cabeça, sou chata demais, então cismei que a gente tinha que ir lá antes de voltarmos para o hotel. Andamos mais um pouco e quando chegamos, todo o nosso esforço se mostrou válido, porque realmente, a construção é linda demais. Além da Catedral em si, a sua localização é perfeita, pois ela fica em frente a uma ponte, que corta o rio Moscou (o rio aliás que deu nome à cidade) e que nos permite uma linda vista da capital.


















A Catedral é composta por cinco cúpulas douradas e é a igreja ortodoxa mais alta do mundo (ela tem 105 metros de altura!), com capacidade é para 15 mil pessoas. Ela é enorme por dentro!! Construída em 1860 por ordem de Czar Alexandre I, bombardeada em 1933, restaurada e reaberta em 1997.

Depois de conhecer a igreja, voltamos a pé para o hotel e demos uma última passada na Praça Vermelha e no jardim Alexandrovsky, onde acompanhamos a troca de guarda.









Quando chegamos ao hotel, recebemos um e-mail dizendo que a Air France tinha entrado em greve e que o nosso vôo de volta (marcado para três dias depois), havia sido cancelado. O grande problema disso é que o Leo não podia perder nenhum dia de trabalho a mais além dos que já ia perder (emendamos um feriado e ele ia deixar de ir durante dois dias). Ficamos quase uma hora tentando resolver o problema e o pessoal do hotel nos ajudou muito, mas infelizmente, o único vôo que estava confirmado e com lugar disponível no período de uma semana era para o dia seguinte, na hora do almoço..

Fiquei tão irritada! Na França, tudo é motivo de greve. Todos os anos, sem exceção, os funcionários da Air France entram em greve! E esse ano, isso aconteceu justamente no meio da nossa viagem... Ainda faltava tanta coisa para ver: não tínhamos entrado no Kremilin nem na Catedral de São Basílio, não tínhamos conhecido o túmulo de Lenin, faltavam muitas igrejas para serem vistas e outros tantos pontos turísticos! A decepção ficou estampada no nosso rosto.

No dia seguinte, acordamos cedo, mas só tivemos tempo de dar mais uma volta nos arredores do hotel antes de irmos para o aeroporto. Aproveitamos para ir de novo até o Teatro Bolshoi, que abriga espetáculos de ópera e ballet e é a sede da Academia de Balé Bolshoi, uma das mais antigas e conhecidas companhias de dança do mundo.


Teatro Bolshoi



Um jardim em frente a uma das 
entradas da Praça Vermelha 

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