sábado, 11 de maio de 2013

Istambul





Istambul sempre foi uma cidade que eu sempre tive vontade conhecer. Eu ficava pensando comigo mesma "Cara, já imaginou conhecer o lugar onde era, antigamente, Constantinopla?". A possibilidade de pisar em um território carregado de história como é o caso da Turquia, e Istambul é claro, me empolgou de uma maneira que nem eu mesma entendi!

O passado da cidade é riquíssimo. Em mais de 2500 anos de história, ela já foi a capital administrativa da Trácia Oriental; conhecida como Bizâncio na época em que era a capital do Império Bizantino e Constantinopla quando foi a capital do Império Romano. Foi finalmente durante o período em que era a capital do Império Otomano, que os turcos adotaram o nome de Istambul, oficializado em 1930. Hoje em dia, a capital do país  é Ancara, mas Istambul ainda é o centro comercial, industrial, cultural e universitário. 

É a maior cidade do país e também a quinta maior do mundo, disputando com Londres como a mais populosa da Europa.

Além de tudo isso, mais duas coisas me chamavam atenção. A primeira é a grande diversidade ética e cultural, já que a maioria da população é muçulmana, mas também existem muitos laicos e alguns cristãos e judeus. Asegunda, é o fato de a cidade ser a única no mundo com parte de seu território na Europa e parte na Ásia, ocupando as duas margens do Estreito de Bósforo e do norte do Mar de Mármara.




Vista da Mesquita Azul do meio do Bósforo


Por tudo isso, Istambul é hoje em dia uma mistura do passado com o moderno e do encontro de várias religiões. Junte a esse caldeirão de diversidade paisagens espetaculares, uma arquitetura única e uma cultura milenar, que ainda conserva um dos mercados mais antigos do mundo! Não tem jeito, é impossível não adorar Istambul.

Com tanta coisa para fazer e conhecer, a escolha do hotel em um ponto central da cidade acaba sendo fundamental. Eu tinha em mente duas localidades: ou em Sultanahmet, parte antiga que abriga o Grande Bazar, as mesquitas, a cisterna e grande parte dos pontos turísticos; ou nos arredores da famosa rua de pedestres Istklal Caddesi e da praça de Taksim, região muito movimentada e central, aonde encontram-se bares, restaurantes, hotéis e embaixadas. Existem ainda os hotéis luxuosíssimos que se encontram na beira do Bósforo, mas essa opção ia muito além do nosso orçamento.

Acabamos ficando na parte mais nova, bem no meio da rua Istklal Caddesi - no Richmond Istanbul Hotel - porque preferimos estar mais perto dos restaurantes e bares. Dessa maneira, à noite, para voltarmos para o hotel, estaríamos mais perto. No entanto, quando passamos de novo por Istambul, antes de voltarmos à Paris, optamos por ficar em Sultanahmet, para vermos como seria essa experiência e para ser sincera, acabei preferindo esta localização, porque no fim dos dias chegávamos tão cansados, que acabamos saindo somente uma vez para uma boate, e que no fim das contas, era do outro lado da cidade hahahha. Por isso, ficar na parte antiga da cidade, acho que teria sido mais prático para nós. Fora que a vista do hotel em que ficamos em Sultanahmed, o Golden Horn Sultanahmet Hotel, era simplesmente espetacular. Então, o meu conselho é pra ficar lá!

 O famoso bondinho da rua Istklal Caddesi



Detalhes da rua super movimentada

Uma igreja que ficava do lado do nosso hotel


Mais detalhes do bairro


Bom, em quatro dias conseguimos fazer praticamente tudo que queríamos. Então vamos à nossa programação! Pegamos aquele onibuzinho do Sightseeing e começamos o nosso roteiro. Primeira parada foi a igreja de Hagia Sofia, reconstruída no século VI e centro do Império Bizantino por quase mil anos. É considerada uma obra única, ocupando uma área de 1,6 hectares. São muitos detalhes envolvidos na sua construção: mais de dez mil operários trabalharam para erguê-la durante cinco anos; o mármore veio de Anatólia, as colunas verdes da nave de Éfeso e os azulejos e tijolos de Rhodes, na Grécia. Por causa de terremotos, saques e falta de dinheiro,  a igreja foi abandonada no fim do Império Bizantino e quando os turcos tomaram Constantinopla, ela foi transformada em uma mesquita. Hoje em dia, funciona como museu.








Hagia Sofia, impressionante por fora e por dentro


Hagia Sofia à noite


Em frente à Hagia Sofia, do outro lado da praça, está a Mesquita Azul, que teve sua construção finalizada em 1616 a mando do sultão Ahmet. É a única construção do tipo que tem seis minaretes. São mais de 21 mil peças de azulejos vindos de Izmir e uma área de 51m2. É magnífica! A única coisa que eu não gostei foi o cheiro de chulé dentro da mesquita, já que todos são obrigados a tirar o sapato para entrar. Eu levei meia comigo para não ter que pisar no tapete de dentro, já que sou meio nojentinha com essas coisas. Entretanto, eles distribuem saquinhos plásticos para a gente colocar no pé, o que eu achei bem legal!















A linda Mesquita Azul


Também ali perto, está o Palácio Topkapi, primeiro palácio dos Sultões Otomanos, construído entre 1475 e 1478, que funcionava como residência e centro administrativo para o Império e que hoje em dia funciona como museu . O palácio é mais uma obra colossal de Istambul,  ocupando uma área de 700 mil m2, cercado por 5km de muralha e um lindo jardim Na época em que era habitado, eram mais cinco mil membros da família real entre soldados e criados que moravam ali. A parte mais interessante em termos das instalações é o antigo Harém, aonde junto com o sultão e suas quatro esposas oficiais, viviam mais de 1200 concubinas.

Em outro prédio está o impressionante Tesouro Imperial, que guarda, entre outras coisas, o diamante Kasikci, o maior do mundo, com 88 quilates e 44 brilhantes à sua volta. Fora isso, todas as outras jóias de família e tronos, espadas, adagas, tudo esculpido com pedras preciosas. Existe também a parte do tesouro religioso, com peças históricas como o cajado de Moisés, os cabelos da barba do profeta Maomé e os ossos de São João Batista! Incrível!














Palácio Topkaki


Uma das minhas decepções foi o famoso Hipódromo, que na verdade não existe mais, então você tem mesmo é que imaginar como era antes. Ele é, na verdade, uma grande praça de pedestres entre Hagia Sophia e a Mesquita Azul. Eu estava esperando pelo menos algumas ruínas, como vi em Roma, no Circus Maximus, mas as únicas coisas que sobraram foram dois obeliscos (de Teodosio e Constantino) e uma coluna (Serpentina).

Um dos obeliscos que sobrou do hipódromo


A Cisterna de Yerebatan, ou Cisterna da Basílica,  é a maior do mundo.  Construída durante o período do Império Bizantino, em 532, tinha capacidade para armazenar 100 mil m3 de água, que era proveniente dos rios e nascentes da floresta de Belgrado, localizada a pouco mais de 20km de distância dali. Dentro da cisterna, existem 336 colunas, dispostas a 4m umas das outras. Uma das grandes atrações em seu interior são as duas cabeças de Medusas usadas como bases de colunas menores, o que mostra que as colunas  romanas utilizadas foram aproveitadas de diferentes lugares. O local é muito bem conservado e os turcos fizeram uma iluminação especial, que deixa tudo com um ar mais misterioso e atrativo. Muito legal! O filme do 007, "From Russia with Love", teve cenas gravadas por lá.




A impressionante cisterna


Outra atração turística é a Torre de Gálata, bem pertinho do nosso hotel. Essa região é bem legal, e além de visitar a torre, o bacana é andar pelas ruazinhas do bairro. A torre é a mais antiga de Istambul, construída durante o Imério Bizantino em 528, mede 61 metros de altura e uma vista panorâmica do seu alto.



A Torre de Gálata e a vista lá de cima


Tudo isso nós vimos com uma certa tranqüilidade nos dois primeiros dias. Aí, no terceiro dia, nós caímos na furada do século: ir passar o dia nas Ilhas Príncipe. Eu tinha lido sobre isso e o passeio era indicação em 99% dos livros de turismo. Perguntamos no nosso hotel e eles confirmaram a informação, de que o passeio era o máximo, de que a ilha para a qual nós iríamos era um retrato do sossego, onde os turcos mais abonados tinham casas de veraneio, com arquitetura tipicamente inglesa. Falando assim, o lugar era sinônimo do paraíso e uma boa opção de descanso, SÓ QUE NÃO! Quando chegamos lá, eu tive a impressão de que metade da população mundial teve a mesma ideia que nós. Com tantos turistas aglomerados  em um espaço tão pequeno, nem o lugar mais bonito deste planeta poderia ser agradável... Resultado, fila para sair do barco, fila quilométrica para pegar uma charrete (e os cavalos ainda por cima eram super mal-tratados), fila para conseguir comprar um sorvete na barraquinha e quase meia hora de espera para tomar um café no pequeno Starbucks do local. Ou seja, perdemos o dia e eu fique irritadíssima comigo mesma, já que a ideia da excursão foi minha!

Só duas coisas valeram à pena, nisso tudo. A primeira foi que com o passeio de barco, nós acabamos fazendo o famoso tour no Bósforo, super recomendado por todos. A segunda foi que para chegarmos no porto onde estão os barcos, nós fizemos um tour pela parte asiática de Istambul. Bem mais moderna e super desenvolvida, as casas sustentam riqueza e formam uma paisagem completamente diferente da que temos do outro lado do Bósforo. Eu não sei se tem muito o que se fazer por lá, mas dar uma volta para conhecer o outro lado do Bósforo, vale à pena!

A caminho para o lado asiático


A ponte que liga os dois continentes






No dia seguinte, na parte da manhã, antes de pegarmos o vôo par a Cappadocia, fomos conhecer a parte da cidade que se chama Ortakoy. É um bairrozinho muito simpático, com casinhas coloridas, feirinhas de artesanato, lojas vendendo de tudo um pouco e muitos bares e restaurantes. Todas as ruas de Ortakoy desembocam numa espécie de calçadão na beira do Bósforo. Esse foi sem dúvida o bairro aue eu mais gostei, mas, na minha opinião, é um pouco afastado do centro para se hospedar. Ali em Ortakoy tem uma mesquita que é super conhecida na cidade, mas infelizmente ela estava em obras e nós não conseguimos vê-la por dentro e nem mesmo tirar uma foto de fora porque tudo estava cheio de tapumes...

















O Grande Bazar nós deixamos para visitar e explorar na volta, no nosso último dia de viagem na Turquia e em Istambul. Acordamos cedo e aproveitamos que dessa vez, o nosso hotel, como eu disse antes, ficava no centro de Sultanahmet. Aliás, gostei muito deste hotel, os quartos eram decorados com mobiliário local e com um certo luxo, o banheiro novinho e a cereja do bolo era a localização do restaurante, aonde o café da manhã era servido: na cobertura do prédio. A vista era simplesmente maravilhosa, com mesas dentro do salão (que era rodeado por enormes janelas de vidro) ou na varanda! Nem me lembro se o café da manhã era bom, porque fiquei tão impressionada com a vista para a Mesquita Azul, a Santa Sophia e o estreito de Bósphoro, que perdi mais tempo fotografando do que comendo :)




Olha a vista do Golden Horn Sultanahmet Hotel


Bom, voltando ao Grande Bazar, eu adorei! Tirando a parte de que ficamos o tempo todo com a sensação de que estávamos perdidos e que não conseguiríamos voltar, nós aproveitamos muito. Aberto em 1461, o mercado é enorme e super bem organizado - pelo menos eu achei! São mais de 60 ruas cobertas, entre vias principais e ramificações, e milhares de lojinhas que se emparelham umas do lado das outras! Aproximadamente, 20 mil pessoas trabalham ali e o fluxo diário de visitantes pode chegar a 400 mil pessoas. Os números são impressionantes, e a arquitetura do local também. Completamente diferente de qualquer mercado que já vi, o interior da construção é lindo e extremamente limpo. Visita obrigatória para quem vai a Istambul! A reputação do mercado é pelo comércio de jóias, cerâmica, especiarias e tapetes, mas podem acreditar a gente encontra de tudo por lá ( alias, para nós mulheres aquilo é uma perdição).

















Resumindo - depois deste texto enorme hahaha - nós aproveitamos muito. Eu adorei Istambul. Acho que não conseguimos ver tudo, como por exemplo o café do escritor francês Julien Viaud que fica no alto de uma montanha e tem uma vista linda da cidade, e a famosa igreja de San Salvador In Chora, que estava fechada para obras, mas  fiquei muito satisfeita com a visita! Não fizemos o banho turco, porque sabíamos que passaríamos ainda por muitas cidade e poderíamos fazê-lo mais tarde, mas se você vai passar apenas por Istambul, não deixe essa experiência de lado!








A incrível vista que se tem da cidade da varanda do 
restaurante 360


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